História do CEAMIG IX. O meteorito de Itabira O Centro já contava com uma popularidade enorme dentro e fora do estado, correspondendo com entidades co-irmãs já haviam sido criadas e outras que começavam a iniciar suas atividades no Brasil e no exterior. Foi então que um dos associados presenciou um fato até certo ponto comum: a queda de um meteorito. Isto fez com que a diretoria do Centro designasse uma comissão para a busca da rocha que deveria então existir. A triangulação foi feita pelo Dr. Zair Dantas, e os estudos foram efetuados por Carlos Junqueira e Marcos Magalhães Rubinger, que ficaram encarregados dos estudos posteriores, o que deram origem ao relatório que passo a transcrever-lhes: "...AS PRIMEIRAS INFORMAÇÕES - A primeira informação sobre o fenômeno do dia 30.06.57 foi dada por um sócio desta entidade. O referido associado que se dirigia para Belo Horizonte, teve sua atenção voltada para enorme esteira luminosa na direção oeste. Imediatamente o centro tomou uma série de providências, dando nota aos jornais pedindo informações a todos que presenciaram o fenômeno além de enviar circulares para as prefeituras do interior num raio de 100 Km. de Belo Horizonte. DETERMINAÇÃO DO LOCAL DE CULMINAÇÃO DO BÓLIDO - Tendo recebido um total de 32 cartas da capital e do interior, conseguimos determinar aproximadamente a trajetória do bólido e concluímos que ele, possivelmente, culminaria no oeste de Minas. Chegamos a esta conclusão depois de analisarmos meticulosamente as cartas recebidas, que se encontravam arquivadas no Centro. As informações da cidades localizadas ao norte davam como direção nordeste, as do sul, sudeste, e as localizada a leste, oeste. PROPAGAÇÃO, PARA DETERMINAÇÃO DA QUEDA - Levando em conta que a propagação sonora (BARREIRA SUPERSÔNICA) ocorre numa área relativamente pequena (máximo de 100 Km); e que a esteira luminosa resultante da queima do bólido em contacto com a atmosfera mais densa (quando este alcança mais ou menos 150 à 130 KM do nível do mar, segundo alguns autores), ou resultado da ionização das partículas encontradas em seu caminho (segundo as mais modernas teorias) poderia ser vista a uma distância incalculável. Considerando portanto a primeira resultante do fenômeno (o barulho) como mais da culminação do bólido, rumamos para a vizinha cidade de Sete Lagoas, e de lá, centro da operação, traçamos novos planos. CAÍDA DO BÓLIDO, PROVAVELMENTE, ENTRE MARTINHO CAMPOS E PAPAGAIO - Da cidade de Sete Lagoas, mais precisamente da fazenda do Pacu, estabelecemos o seguinte roteiro: do local onde um grupo de pescadores viram a queda do misterioso objeto, traçamos uma seta de papel. Por outro lado, seguia num avião da " Continental ", o Sr. Mário Hauck, conhecedor da região que seguindo a direção da seta, procuraria os possíveis danos causados pela queda do bólido (cratera, árvores queimadas ou partidas). Depois de fazer pesquisas na região durante uma hora sem nada encontrar, desceu o avião em Martinho Campos - MG, onde colheu informações. fazendo aterrissagem na estrada, perto de onde estávamos, o aviador deu-nos ciência do que conseguiu saber em Martinho Campos. Segundo informações lá conseguidas, a estranha " bola de fogo " caíra na Fazenda das Mamonas. Seguimos para aquela cidade. EXPLODIU O BÓLIDO EM IBITIRA - Chegando em Martinho Campos, rumamos para a tal Fazenda das Mamonas, onde segundo informações prestadas ao aviador da continental, caíra o bólido, Infelizmente a informação era falsa, mas estávamos não muito longe do local. Colhemos informações com o filho do fazendeiro e lavradores, todos davam a mesma direção, afirmando que não viram o fim da esteira luminosa, tendo ouvido forte barulho, semelhante ao rolar de latas pela calçada ou trovejar prolongado. A direção dada era de Ibitira, distrito próximo. Seguimos para o local. Neste lugarejo, conversamos com o agente da RMV e este funcionário prestou as decisivas informações. O ferroviário juntamente com todos os habitantes do povoado, observaram o fenômeno do dia 30 de junho, temerosos devido principalmente ao barulho. A tão citada esteira luminosa, a princípio reta e depois sinuosa não foi vista desta forma em Ibitira. De lá ponto de convergência do meteorito, a aparência foi simplesmente de uma bola de fumaça que começou a desenvolver em círculos concêntricos, como uma espiral da esteira de fumo para os que observaram de grande distância. Infelizmente não conseguimos dados angulares precisos que nos permitissem determinar a altura da explosão. Contudo, levando em conta as observações feitas em Belo Horizonte e Ibitira, podemos estimá-la em aproximadamente 11 a 13 KM (segundo observadores locais a explosão ter-se-ia dado em altura das nuvens, provavelmente cirrus). Estava determinado o lugar onde caiu o bólido, tendo explodido a mais ou menos a 13 KM lançando fragmentos pelos arredores. Tentamos procurar estes prováveis fragmentos, tendo sido uma busca infrutífera, porque o lugar, segundo informações de onde teria caído algum fragmento, era um cerrado de difícil busca. Voltamos à Belo Horizonte. ENCONTRADO POR UM LAVRADOR O FRAGMENTO METEORÍTICO. - Voltamos para Belo Horizonte, convictos da existência de fragmentos do bólido em Ibitira. Chegamos mesmo a fazer uma caravana, que não seguiu para o local por falta de transporte. No dia 03/08/57 seguíamos novamente para Ibitira. Quando atravessamos o Rio Pará, ficamos sabendo que um lavrador, quando apanhava lenha numa capoeira, viu uma pedra entranha que lhe despertava a curiosidade. Receoso, apanhou-a entregando ao boticário local. Em Ibitira procuramos o lavrador e com ele fomos ao local onde a pedra fora encontrada. A aparência superficial do fragmento meteorítico é o de um pedregulho com cerca de 2,5 Kg com uma camada brilhante exterior e poucos poros. A rocha apresenta vacúolos de dimensões milimétricas, com aspecto de geodo, onde às vezes ocorrem minerais opacos. Belo Horizonte, 30 Agosto de 1957 AA CARLOS JUNQUEIRA ". |
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