História do CEAMIG

III. O Eclipse de Bocaiúva

"... O apoio oficial afastava o Observatório Nacional do evento, e a astronomia mineira se fazia presente. O casal Wykrota iria cobrir ".. as falhas da burocracia oficial..." (...op. cit. P. 336)

Foi um dos grandes passos da astronomia em nosso estado. Havia uma enorme movimentação na sociedade Belo-horizontina da época. Henrique e Zininha Wykrota não só foram designados para acompanhar a comissão Russo-finlandesa como também, assessoravam e forneciam a devida assistência a outras comissões como as do Canadá, Estados Unidos e Suécia.

Dª Zininha seguiu acompanhando uma comissão de astrônomos para a cidade de Araxá, mas Dr. Henrique, por ser fluente em vários idiomas, funcionou como um elo de ligação entre as comissões espalhadas pelo estado.

Dr. Henrique, alguns dias antes de ocorrer o eclipse, fora a Bocaiúva e Montes Claros numa missão de suprimento e informações acompanhando de dois astrônomos. No retorno a Belo Horizonte, o piloto da Força Aérea Brasileira que transportava Dr. Henrique tinha necessidade de abastecer o avião, um biplano Waco, mas pelas dificuldades de navegação e serviço de apoio e proteção ao vôo daquela época, o piloto perdeu sua orientação de vôo, e conversando com Dr. Henrique fez uma passagem rasante entre alguns eucaliptos, na qual identificaram a cidade de Várzea da Palma. Novamente nivelaram o vôo e tentavam a todo custo pousar no aeroporto da Pampulha.

O Jovem Odontologista, que já tinha motivos de sobra para ter medo de avião temia agora não completar a missão e deixar Dª Zininha só em sua jornada. Felizmente a audácia do jovem aviador brasileiro fez com que o biplano pousasse em Belo Horizonte, ainda que, segundos após tocarem o solo, todo o combustível da pequena aeronave se esgotara por completo.

"... Manhã de 20 de maio de 1947: sem verba e sem Sol pois chovia copiosamente no Rio de Janeiro, o observatório nacional não saíra de sua sede. (...op. cit. P. 215).

Em Araxá o tempo amanheceu encoberto por espessas camadas de nuvens, o que também fora um lamentável desgosto para os cientistas que ali estavam.

Mas nem tudo estava perdido, na hora prevista pelos astrônomos para o início do fenômeno, Sol e Lua cumpriam fielmente o seu papel, e os astrônomos que se localizavam em Bocaiúva realizavam de forma esplêndida o seu trabalho.

De retorno a Belo Horizonte, o casal Wykrota recebeu em sua casa a visita da comissão Russo-finlandesa. Posteriormente fora oferecido pelo governo do estado uma recepção de comemoração pela passagem do evento e foi sugerido pelos astrônomos a criação de uma associação de astrônomos amadores. Foi então assim que entre festa e champanhe fora criado o que seria a primeira entidade astronômica do estado, a AAA. Em contra partida, a título de presentear a recém-nascida associação, o presidente da Academia de Ciências de Moscou doou um telescópio Maksutov a Dª Zininha, e a comissão de astrônomos finlandeses doou uma luneta, mas por infelicidade a recém-nascida instituição desfez-se tempos mais tarde, devido a falta de empolgação de seus participantes que apenas foram levados a fundá-la pela onda momentânea provocada pelo eclipse de 1947.

Mas esta desilusão não foi o suficiente para desencantar Dª Zininha, que após maio de 1947 retomou sua vida nos afazeres de esposa e também no que tange aos ideais astronômicos.

Desta época em diante, Dª Zininha fazia reuniões com jovens interessados em astronomia usando para isso a sala de estar de sua própria residência.

Nesta época aparece em sua residência o estudante secundarista Marcos Magalhães Rubinger, que teria um papel importante ao lado de Dª Zininha, Dr. Henrique e outros que com o tempo iriam se agrupar para fundar o Centro de Estudos Astronômicos "César Lattes" de Minas Gerais.

 
Menu
I. Dª Zininha Wykrota
II. O Obs. Nacional e o Eclipse de Bocaiúva
III. O Eclipse de Bocaiúva
IV. Os mistérios do Firmamento
V. O Centro de Estudos Astronômicos César Lattes de Minas Gerais
VI. Um sonho que ainda não se tornou realidade
VII. A lei de Utilidade Pública
VIII. Os Mistérios na TV
IX. Um presente que caiu do céu
X. Do marasmo surge a SEA
 


Sugestões sobre este site: ceamig@ceamig.org.br